"No Princípio": Teologia Política em Gênesis 1–3
- Adam Carrington
- 28 de jul. de 2023
- 12 min de leitura
Por Adam Carrington
"No princípio"
Assim abre a Sagrada Escritura, contando sobre a criação do mundo realizada por Deus a partir do nada. Ao discutir a teologia política, devemos considerar o lugar apropriado para começar. Uma teologia política protestante deve começar com as Escrituras, particularmente Gênesis 1-3 e a criação do mundo.
Deus existe, Gênesis 1:1 nos diz, “No princípio”. Ele sozinho permanece sem começo e, portanto, não-criado. Sua primeira ação registrada em Gênesis é que Ele “criou os céus e a terra”. Devemos considerar a relação entre criador e criatura no contexto político. Nós reverenciamos nossos Pais Fundadores americanos. Nisto não diferimos de muitas outras comunidades políticas que também reverenciam os homens ou "deuses" que fundaram sua cidade, seja Sólon ou Atena. Criar envolve exercer domínio sobre o criado. O governo do criador decorre de um certo direito sobre a criatura. A criatura deve algo ao seu soberano como uma questão de justiça. Além disso, o criador governa definindo sua criação em seu desenvolvimento. Essa definição envolve um tipo fundamental de criação de leis – estabelecendo a natureza e, portanto, o fim ou telos da criatura. Assim, Deus chama os animais a se reproduzirem “segundo” sua “espécie” (Gênesis 1:11-12, 21, 24-25). Sua “espécie” implica uma natureza definida para cada um, um padrão a seguir. Dito de outra forma, as leis da natureza e da razão, como Richard Hooker se referiu a elas em sua obra "Lawes", decorrem do que Deus fez.
Deus trazendo a criação à existência (“Haja”) também ensina uma lição política. As pessoas falam com reverência sobre o “governo das leis”. Tal governança requer palavras; deve-se comunicar o conteúdo da lei. Exige que nos submetamos à sua prescrição exatamente como falada. Deus poderia ter criado por meio de alguma outra ação física. Suas “mãos” poderiam ter formado a terra, seus “dedos” moldado os animais. Ele não o fez. Ele falou e vieram à existência. A criação falada por Deus é um ato de legislar, portanto nas palavras de Deus encontramos a supremacia da lei. Os governantes podem empregar o poder de outras formas, mais físicas. Mas a palavra falada e posteriormente escrita é primária; a força física é secundária e de apoio. Como primário, o governo verbal revela um Deus racional, criando racionalmente o universo, destinado a ser compreendido e obedecido por quaisquer outros seres racionais aos quais Ele dá existência.
Assim, desde o início, Deus não pretendia que os humanos fossem governados como pedras ou mesmo como gado. Eles foram feitos para observar, ouvir e conhecer as leis de Deus e responder, consciente e voluntariamente, em obediência. Este papel para o homem, implícito na própria criação falante de Deus, o diferencia. Vemos o governo estabelecido em outras formas pelo discurso criativo de Deus. O sol e a lua existem para “governar” (Gênesis 1:16) sobre o dia e a noite. O sol e a lua ordenam o tempo, incluindo as estações e os anos. Embora tanto o sol quanto a lua sejam entidades irracionais “governando” entidades irracionais, a regra encontrada no mundo natural revela um princípio político: mesmo objetos inanimados requerem ordenação e alguma entidade para fazer a ordenação. Além disso, nós, como seres racionais, devemos responder a esses governantes e a seus súditos. Essas ordenações estabelecem ritmos pelos quais as leis humanas devem considerar. Eles ajudam a definir nossa experiência de uma maneira à qual os governos devem se conformar.
No final de cada dia, o bom Deus declara Sua criação “boa”, passando a dizer “muito boa” da criação como um todo. Este conceito de bondade também afeta diretamente a vida política. Deus cria em conformidade com Sua própria natureza. A política busca o bem. Assim, deve conhecer o bem para buscar corretamente seu fim. O Gênesis nos diz que a política, para conhecer o bem na terra, deve conhecer o Criador que é bom antes e acima de tudo. Como todos os outros bens derivam Dele, e são insignificantes em comparação com o Seu, o estudante de política também deve ser um estudante de teologia propriamente dita. Conhecer a Deus é entender os fins da vida política - a retidão e a justiça que o poder político age para alcançar.
Esta tarefa ajuda-nos a considerar o homem como criado à imagem de Deus. João Calvino localiza a porção substantiva desta imagem em nossa própria justiça e santidade. Politicamente falando, mostramos a imagem de Deus em nós quando pensamos, sentimos e agimos com justiça. A boa política, portanto, reforça essa imagem divina, tão maculada pelos acontecimentos de Gênesis 3. A ação política justa fica muito aquém da regeneração e da santificação. Mas nos leva a agir como deveríamos, fazendo uma pequena recuperação de nossa natureza antes da Queda.
O Mandato da Criação
Em seguida, nos voltamos para as leis que Deus dá aos seres humanos. Sim, criar o homem com uma natureza fixa estabelece leis para ele. Mas Deus dá comandos explícitos a Adão, regras que ajudam a explicar sua natureza e, portanto, seu propósito. Primeiro, Deus ordena à humanidade: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra”. Em conjunto com este comando, Deus não encontra nenhum ajudante adequado para Adão até que Ele crie Eva. Este requisito aborda um ponto de partida importante para considerar os seres humanos que irão habitar as comunidades políticas. Alguns filósofos políticos partem da perspectiva do indivíduo, especialmente os primeiros modernos como John Locke. Outros partem de uma visão comunitária, com antigos como Aristóteles e Platão liderando o caminho. Os primeiros modernos certamente viam um papel para a comunidade humana, e os antigos não ignoravam o indivíduo. No entanto, a perspectiva com a qual você começa faz uma grande diferença. O mandamento de sermos fecundos e nos multiplicar significa que as comunidades humanas envolvem, desde o início, famílias, não apenas indivíduos. A política, então, surgirá e se preocupará com os humanos como eles existem em comunidade. Somos seres naturalmente sociais, uma visão tão bíblica quanto aristotélica. Mesmo antes da Queda, Adão teria feito leis humanas para regular essas interações. Essas leis não envolveriam restrição coercitiva, mas cultivo e educação. Ao longo de linhas semelhantes, a política pós-queda deve se preocupar com as famílias. Deve encorajar e facilitar a fecundidade. Também deve regular a interação entre as famílias, de modo a assegurar o bom ordenamento da vida familiar.
O mandato da criação continua de que o homem deve “sujeitar” a terra e “te[r]... domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo ser vivente que se move sobre a terra”. Governo – poderíamos até dizer que a política não surge como uma punição pela Queda. Origina-se como parte do governo do homem sobre a terra e tudo o que nela existe. Calvino viu um pouco da imagem de Deus neste mandato. O homem subjugará a terra e os animais de acordo com certas regras para seu cultivo. Em outras palavras, o homem criará e fará cumprir as leis. Essas leis estariam em conformidade com aquelas já estabelecidas por Deus na criação. Adão precisa conhecer. Então ele deve regular de acordo com esse conhecimento. Assim, a relação entre a lei natural e a lei humana existia antes da Queda, sendo que a última aplica a primeira.
A Queda
O mundo e os humanos que o habitam não permanecem perfeitos, é claro. Gênesis 3 relata a Queda dos humanos, através de Adão, para um estado de pecado e morte. A Queda tem importância política tanto em como acontece quanto no que significa para a humanidade daqui para frente.
A respeito de como, devemos começar com a lei falada que Deus deu a Adão e Eva. Eles podem comer de qualquer árvore no Jardim do Éden, exceto a árvore do conhecimento do bem e do mal. Muito debate envolve a natureza exata dessa árvore, desde que fruto ela continha até o que significava conhecer o bem e o mal comendo dela. Mas, para nossos propósitos, precisamos apenas ver essa lei como um teste da ordem política estabelecida no Jardim. Deus governou Sua criação não apenas por meio de suas naturezas humanas, mas também por uma lei declarada. Adão e Eva devem se submeter a esta regra como parte de sua reflexão da imagem de Deus (retidão e santidade) que reconhece a realeza legítima de Deus.
Em seguida, devemos nos voltar para a tentação de Eva pela serpente. A serpente dá uma interpretação dessa lei. Ao fazê-lo, introduz dois fatores. Primeiramente, a serpente introduz a dúvida (“Deus realmente disse?”). A dúvida mina a lei ao questionar sua existência ou aspectos de seu conteúdo. Em segundo lugar, a serpente muda sutilmente a ordem política no Jardim. Antes, Deus governava clara e inequivocamente. Quando a serpente pergunta: “Deus realmente disse?” traz mais do que dúvidas; convida Adão e Eva a questionar o governo de Deus. Vemos isso quando a serpente rapidamente se move além da dúvida para uma certeza desafiadora. A serpente responde: “É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”. A serpente rejeita totalmente a lei de Deus. Uma lei é apoiada pela força coercitiva (portanto, não é uma mera sugestão) e busca o bem dos governados. A serpente diz que o castigo de Deus não ocorrerá, negando sua ameaça de coerção. Em seguida, nega a bondade da lei, questionando assim a própria bondade de Deus. Em vez disso, a serpente diz que quebrar a lei resultará em um bem diferente – o ser igual a Deus. Vemos aqui, na primeira tentação, uma tentação política que assombrará muitos regimes. Desejamos ser deuses. Esse desejo resulta em tirania e atrocidades concomitantes, pois decretamos julgamento sem justiça.
A existência do pecado muda o papel do governo. Acrescenta um poder executivo coercitivo ao poder legislativo já existente. Antes da Queda, as leis eram organizadas e instruídas e a obediência se seguiria. Agora, além de legislar, o governo deve tanto restringir quanto punir. A lei agora deve incluir um poder de coagir, algo apenas alertado por Deus antes, mas não tornado concreto até a Queda. Porque, por causa do pecado, as pessoas nem sempre seguirão a lei apenas porque conhecem seus requisitos. Essa coerção governamental deve então agir para restringir e punir aqueles que não querem seguir a lei.
A Queda também introduziu o ímpeto para o poder judiciário. No esquema moderno de separação de poderes, essa função julga disputas sobre quem infringiu a lei. O juiz determina a questão fática de quem cometeu quais atos e a questão jurídica de interpretar a lei em relação a esses fatos. As pessoas no tribunal podem contestar ambos - o que aconteceu e o que a lei diz sobre isso.
No Jardim, vemos Deus realizando uma espécie de julgamento contra Adão e Eva. Ele primeiro confirma que Sua lei foi quebrada. Deus pergunta a Adão por que ele e Eva se esconderam Dele. A declaração de Adão de que ele e Eva estão nus expõe que comeram o fruto da árvore proibida. Curiosamente, ninguém contesta o significado da lei. Não depois da Queda, pelo menos. Em vez disso, o julgamento simplesmente atribui a culpa: quem é o responsável por infringir a lei? Aqui, vemos a transferência de culpa entre o homem e a mulher. Confrontado por Deus, Adão culpa Eva. Eva então aponta o dedo para a serpente.
Assim, existe uma disputa judicial sobre quem detém a responsabilidade por infringir a lei. Na forma de poder judiciário, a política deve superar as disputas e aplicar o direito como ele se aplica às pessoas e à situação envolvida. Deus declara os três culpados, distribuindo punições distintas para cada um. Seu governo continua apesar da rebelião, apesar da violação do governo da lei. Fazer isso também exemplifica sabedoria política em como governar. Aplicar a lei a pessoas específicas em circunstâncias específicas requer um tipo especial de habilidade política. Deus dá um exemplo de julgamento mostrando que Ele conhece a lei, conhece as circunstâncias em que ela foi quebrada e, finalmente, está ciente da natureza de quem quebrou essa lei.
Essa mudança na forma como a política opera após a Queda mostra que a política não é inerentemente corruptora ou má. Por meio da criação, Deus exerceu o poder político como um bem. Ele concedeu o uso do poder político aos seres humanos como um bem. Certamente devemos mostrar vigilância para combater o pecado conforme ele se manifesta nas comunidades políticas. Mas também devemos ver nele um bem original e positivo, um exemplo divino e um mandato humano que continua como parte integrante da vida comunitária na terra.
As Maldições e o Mandato
As maldições de Deus sobre o homem e a mulher correspondem ao mandato da criação. Ao mandamento da fecundidade, Deus condena as mulheres a partos dolorosos. Essa dor prenuncia dores que as crianças já nascidas darão às mães. Além disso, o papel do governo na família se expande, assim como o potencial de abuso desse papel. Ao ordenar a sociedade, o governo pré-Queda regularia a família até certo ponto. Introduza o pecado e as razões necessárias para a intervenção política na família aumentam. O pecado abre a família para o engano interno e a violência que o estado tem a responsabilidade de restringir e punir. O pecado também introduz o antagonismo entre o estado e o lar, com o estado tentado a dominar a família e a família tentada a se retirar da cidade. O pecado cria lealdades conflitantes entre o patriotismo e a fidelidade familiar, um conflito reconhecido e agonizado por pessoas como Platão na sua obra "República".
Deus acrescenta aos mandamentos de subjugar a terra e exercer domínio: “maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão” (Gênesis 3:17-19). Um ponto de partida importante para a política diz respeito ao relacionamento que os humanos mantêm com o mundo ao seu redor. Alguns pensadores políticos leram essa relação como basicamente cooperativa, como Rousseau. Outros veem a experiência humana do mundo como inerentemente antagônica. John Locke, novamente, representa essa visão.
Ambas as visões sustentam uma verdade parcial. A terra originalmente cooperava com a humanidade. É verdade que esforço estava envolvido em subjugar o mundo antes da queda, mas o mundo cooperava voluntariamente, por assim dizer. Agora, o mundo geme contra este trabalho (Rm 8:22). Resta o suficiente do mandato original da criação para que ainda possamos comer da produção da terra. Fazemos isso, porém, por meio da luta. “Cardos e abrolhos” sufocarão nossas plantas quando tentam crescer e cortarão nossos corpos enquanto tentamos colhê-los. Obteremos pão, mas apenas com “o suor do seu rosto”.
Essa maldição abre a humanidade para uma série de experiências políticas. Mantemos a responsabilidade de cuidar da Terra. Ao mesmo tempo, devemos estimular o cultivo e exigir o trabalho como parte de pertencer à comunidade política. Nós, como indivíduos e como comunidade, devemos nos esforçar agora para preservar o mundo e, ainda mais, prosperar nele. Nesse sentido, a maldição sobre Adão introduz a escassez. Os atores políticos agora devem responder por regular e distribuir recursos quando nem todos podem obter tudo o que precisam, muito menos tudo o que desejam. Além disso, a Queda introduz engano. Adão e Eva já tentaram enganar a Deus se escondendo Dele. Tentados pela escassez, cientes do pecado nos outros, eles cogitarão prejudicar seus vizinhos. Por isso, as leis devem incluir a execução forçada de contratos e a manutenção da fé entre os homens por meio de coerção, seja por ameaça ou realizada.
Finalmente, em relação ao mandato da criação, devemos entender a importância política de Gênesis 3:15. Ali, Deus declara à serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar". Muitos teólogos se referem a ele como o protoevangelho, a primeira declaração do Evangelho. Mas cobre muito mais terreno do que isso. A política nunca deve esquecer a inimizade que existe entre a descendência da mulher e a da serpente. As leis buscam controlar o comportamento e esperam contribuir para o pensamento correto, bem como para o agir correto. Os cristãos tradicionalmente falam de três ameaças aos nossos pensamentos e ações justas: o mundo, a carne e o diabo. A carne indica que os humanos possuem um desejo interno de quebrar as leis de Deus e, portanto, todos os estatutos humanos feitos à imagem das leis de Deus. O mundo, como tentação, reconhece que vivemos em comunidade. Essa comunidade envolve outras pessoas sujeitas à sua carne. O Salmo 12:8 fala daqueles que não apenas praticam o mal, mas aprovam que outros o façam, dizendo que “entre os filhos dos homens a vileza é exaltada” (vemos um ponto semelhante expresso por Paulo em Romanos 1:32). Finalmente, temos o diabo, que assumiu a forma da serpente que tentou Adão e Eva em Gênesis 3.
As leis devem incluir um reconhecimento dessas ameaças. Deve procurar impedi-las. Isso envolve a sabedoria de conhecer não apenas o bem original, mas também como a tentação se transforma em ação. Significa refrear essas ações e, com sorte, fazer algum progresso para habituar os cidadãos ao bem. Devemos dizer “algum progresso” porque devemos admitir as limitações de qualquer esforço humano para realizar o bem. Só Deus pode mudar o coração para amar perfeitamente a justiça e agir com base nela. Ele o faz principalmente por meio da Palavra lida, pregada e dos sacramentos administrados. No entanto, Deus ordenou a política como um meio de restringir o mal, bem como de ensinar a justiça e a virtude. Não devemos depender apenas da política, mas também não devemos negligenciar sua necessidade e utilidade.
Conclusão
Vemos nos capítulos iniciais do Gênesis uma riqueza de material relacionado à teologia política. Testemunhamos um Deus cujo governo inclui o ato da criação. Vemos a importância das palavras criativas como introdução ao governo das leis. Encontramos um mandato de criação que revela que o homem é um ser racional, frutífero e trabalhador, criado para governar o mundo. Finalmente, observamos a Queda no pecado e na morte exigindo novas leis para responder adequadamente ao aparecimento do mal, bem como a nova (e necessária) ferramenta de coerção para compensar a teimosia depravada da humanidade.
Essa teologia política está longe de esgotar o ensino político da Escritura. Em vez disso, prepara o terreno para a entrada do governo humano, a fundação de cidades, o estabelecimento de reinados humanos e as maneiras pelas quais os reinos reagirão à realidade da criação e queda. E, bem no fundo de Gênesis 3:15, temos uma promessa. Deus governa agora. Ele continua a trazer a história para a consumação final desse governo. Cristo esmagou a cabeça da serpente. E Ele virá novamente, para reinar para sempre.
(Esse texto de Adam Carrington foi publicado originalmente em inglês no portal AmericanReformer.org e traduzido com permissão. Você pode acessar o texto original no site do portal American Reformer aqui.)
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