Criando Desastres Neuróticos
- Martha Dunson

- 2 de mai.
- 10 min de leitura
Por Martha Dunson
Atualmente no topo da lista de bestsellers da Amazon, Bad Therapy: Why the Kids Aren't Growing Up de Abigail Shrier aborda um dos problemas mais urgentes de hoje:
"Com a ajuda sem precedentes de especialistas em saúde mental, criamos a geração mais solitária, ansiosa, deprimida, pessimista, impotente e medrosa já registrada.... Como crianças criadas de forma tão gentil chegaram a acreditar que viveram traumas debilitantes na infância? Como crianças que receberam muito mais psicoterapia do que qualquer geração anterior mergulharam em um poço sem fundo de desespero?" (xvii)
Essa questão afeta todos: pais, professores, pastores, treinadores e outros mais. As crianças de hoje são o futuro de amanhã. Apesar do tópico sério, Bad Therapy é de fácil leitura, cheia de humor e esperança, incluindo títulos de capítulos inteligentes como "Trauma Kings" [Reis do Trauma] e "Spare the Rod, Drug the Child" [Retenha a vara, drogue a criança]. Bad Therapy também é uma validação secular da ordem natural que Deus criou para pais e filhos e é um incentivo para os pais cristãos.
Shrier descreve o problema: hoje, a terapia e os conceitos terapêuticos ("saúde mental") são onipresentes e os pais rapidamente encontram soluções terapêuticas para tudo, incluindo medicar crianças com drogas psicotrópicas e estimulantes para tratar comportamentos normais da infância. Qualquer dor ou decepção é equiparada a trauma e, em nossa sociedade avessa ao risco, deve ser evitada a todo custo ou tratada como um problema a ser resolvido com terapia e medicamentos. Essa ideologia é comum até entre pais cristãos, que prontamente recorrem à terapia para resolver problemas comportamentais percebidos (também conhecidos como pecado) ou à medicação para características normais da infância, como ser inquieto ou distraído.
Shrier argumenta que a terapia muitas vezes pode introduzir iatrogenia (ou seja, o tratamento em si cria dano). Intervenções terapêuticas também minam a autoridade dos pais, rompendo inúmeros relacionamentos familiares, e criam crianças ansiosas e carentes que chegam à idade adulta incapazes de lidar com problemas básicos da vida (40). Shrier relata entrevistas com psicólogos, terapeutas, conselheiros escolares, pais e crianças, e fornece estudos acadêmicos, resultados de pesquisas escolares e mais, para um suporte evidencial avassalador. E as evidências são poderosas. Shrier sugere que a terapia individual tem muito pouco benefício comprovado para as crianças, e sim, semeia dúvida em si mesmos nos pais e uma dependência excessiva de "especialistas". Bad Therapy é o tapa na cara necessário para acordar os pais para que corrijam o curso das coisas.
Não surpreendentemente, os terapeutas tendem a pensar o contrário. Mesmo o terapeuta mais altruísta tem contas a pagar e precisa de uma fonte de renda estável:
"Nenhuma indústria recusa a perspectiva de crescimento exponencial, e os especialistas em saúde mental não são exceção. Ao retroalimentar o processo com crianças normais com problemas normais, a indústria da saúde mental está fabricando pacientes mais rápido do que pode curá-los" (xviii).
Um terapeuta, para muitos, substituiu amizades tradicionais e sabedoria de membros mais velhos da família ou amigos (9). Embora não mencionado por Shrier, a terapia substituiu até mesmo o tradicional cuidado e conselhos pastorais. Problemas no casamento? Leve ao terapeuta, não ao pastor ou aos presbíteros. Crianças rebeldes ou difíceis? Um terapeuta comportamental pode ajudar; a medicação consertará a criança com TDAH. O que o pastor poderia saber sobre uma criança com transtorno de processamento sensorial?
Contrariando a sabedoria popular de hoje, que encoraja a introspecção eterna e a contemplação excessiva, Shrier discute os diferentes tipos de mentalidades que permitem o sucesso na vida.
Existem pelo menos duas que podemos adotar: 'orientação para a ação' e 'orientação para o estado'. Adotar uma orientação para a ação significa focar na tarefa à frente sem pensar em seu estado emocional ou físico atual. Uma orientação para o estado significa que você está pensando principalmente em si mesmo: quão preparado você se sente naquele momento, a preocupação que sente por uma mensagem não respondida, a leve sensação de dor na garganta, aquele incômodo surgindo no pescoço. Adotar uma orientação para a ação, ao que parece, torna muito mais provável que você realize a tarefa (46-47).
Em resumo, a terapia não é necessária, mas uma atitude de firmeza e ação são eficazes para colocar a vida em ordem. Os cristãos especialmente devem reconhecer que a vida é difícil (quem diz o contrário está vendendo algo, diz Westley em A Princesa Prometida) e que a solução não é evitar dificuldades ou ser rápido para medicar os problemas, mas sim aprender a perseverar ou se arrepender de comportamentos pecaminosos.
A terapia não é boa para crianças que passaram por traumas: abuso, abandono pelos pais, divórcio, etc.? Shrier diz:
"Não há razão para acreditar que a maioria das crianças é traumatizada. As melhores pesquisas indicam o contrário: mesmo entre vítimas de circunstâncias de partir o coração, a resiliência é a norma. Eventos perturbadores são melhor entendidos como 'potencialmente traumáticos', o que significa que podem não deixar nenhuma marca psicológica duradoura, e certamente não necessariamente uma negativa" (105).
Infelizmente, os chamados especialistas muitas vezes confundem dificuldades (pobreza, morte de um dos pais, uma grande mudança) com abuso físico ou emocional real, e assim falham em atender os alunos que afirmam ajudar. O psicólogo e escritor Rob Henderson (que, apesar de passar a maior parte de sua infância no sistema de adoção, se formou com um Ph.D. da Ivy League) diz: "O que [crianças que sofreram as circunstâncias mais abjetas] precisam é também a coisa que tão poucos adultos em suas vidas estão dispostos a fornecer: altas expectativas" (105). Este é um tema repetido ao longo do livro: as crianças não precisam ser mimadas; elas precisam ter a liberdade de falhar, cometer erros ou fazer coisas difíceis e depois aprender com suas experiências. Tempos difíceis, experiências difíceis e riscos tendem a tornar as pessoas mais resilientes. Vivemos em uma sociedade avessa ao risco, e as consequências são crianças e jovens adultos ansiosos que precisam que a mamãe intervenha junto à seus professores da Universidade.
E quanto à depressão severa? A terapia pode ajudar nesse caso? Não. Sob o subtítulo "O inferno é pensar em si mesmo", Jordan Peterson, o aclamado psicólogo, é citado dizendo: "Na medida em que você está pensando em si mesmo, você está deprimido e ansioso... Não há diferença entre pensar em si mesmo e estar deprimido e ansioso. Ambos são a mesma coisa" (152). Este é um exemplo maravilhoso da graça comum de Deus e da revelação natural em ação: o chamado bíblico para amar os outros e a abnegação pode realmente ser uma ajuda contra a depressão. Quando os olhos de alguém se voltam dos problemas pessoais e se concentram no Pai Celestial (que ensina seus filhos a não se preocuparem, mas a confiarem nele) e os pensamentos se voltam para aqueles que estão próximos, os problemas pessoais, preocupações e depressão tendem a diminuir ou desaparecer completamente. Se um homem ou mulher está ocupado pensando nas coisas de Deus e em como servir aos outros, ele ou ela tem menos tempo para se lamentar de seus próprios problemas, que inevitavelmente encolherão ou desaparecerão completamente à luz da abnegação.
Uma das questões mais condenáveis que Shrier aborda é a má terapia prevalente nas escolas públicas, descrevendo o alcance onipresente no sistema público através da aprendizagem socioemocional (SEL): terapeutas e conselheiros escolares, paraprofissionais que acompanham crianças escolares, supermedicação para inquietação infantil e pesquisas de saúde mental. Normalmente, um psicólogo escolar oferece sessões de terapia individual para os alunos e "faz a mediação com os professores dos alunos em nome dos alunos" (73). Embora isso pareça benéfico, o aconselhamento escolar leva a problemas éticos complexos. O psicólogo escolar que provavelmente ouviu sobre os segredos ou problemas mais profundos do aluno também conhece todos os colegas, professores, amigos e treinadores do aluno e, portanto, tem uma influência indevida sobre o aluno e sua vida, muitas vezes encorajando as crianças a "experimentarem uma identidade de gênero variante" ou uma mudança de nome sem notificar os pais (73-75). Shrier alerta que, em muitos estados, as escolas não são obrigadas a notificar os pais se a criança foi ao conselheiro. Os pais devem ser proativos em descobrir exatamente o que está acontecendo na escola. Embora nem todos os conselheiros sejam ruins, muita da influência de um conselheiro escolar é no mínimo intrometida e, nos piores casos, maliciosa.
SEL é o primo da má terapia e assume que toda criança está quebrada e precisa ser consertada, com ênfase em como a criança está se sentindo, não em evidências factuais. SEL tende a presumir que a regulação emocional, a construção de amizades e o lidar com decepções podem ser aprendidas em uma palestra (85) e assume que é responsabilidade da escola ensinar esses valores sociais às crianças. Esses professores não têm responsabilidade ao longo da vida pelo bem-estar e criação da criança, não têm nada a perder e minam a autoridade natural dos pais. Isso pode levar ao rompimento do relacionamento pai-filho, deixando uma criança pequena ou adolescente vulnerável e suscetível a qualquer pessoa que possa aproveitar a situação. SEL, apesar de seu nome benigno, na prática encoraja as crianças a serem desastres neuróticos.
Os capítulos The Road Paved by Gentle Parenting [O caminho pavimentado pela criação gentil] e Spare the Rod, Drug the Child [retenha a vara, drogue a criança] abordam dois lados da mesma moeda: a ascensão da "criação gentil" e os transtornos intermináveis: TDAH, problemas de processamento sensorial, problemas de gerenciamento de raiva, etc. Shrier aborda a mudança nas filosofias de criação de filhos desde meados do século 20 até o início dos anos 1980, sobre a aceitabilidade de punir crianças, deixar crianças sozinhas em casa ou (choque) esperar que as crianças façam seus deveres de casa, até os pais gentis de hoje que usam vozes suaves e constantemente ajustam suas vidas ao que a criança sente sobre algo, atendendo a todos os caprichos de um bebê e até permitindo que uma criança bata regularmente em seus pais ou outros sem punição.
"Todos os pais se tornaram psicólogos amadores, e cada psicólogo - mesmo um sem filhos - era um especialista em criação de filhos. Pais começaram a soar menos como pais - no sentido tradicional, americano - e mais como terapeutas. 'Sammy, vejo que você está se sentindo frustrado. Existe uma maneira de expressar sua frustração sem morder sua irmã?'" (166-167)
Esse modo de criação cede muita autoridade à criança, depende dos sentimentos instáveis de uma criança e assume que os pais são idiotas e não poderiam possivelmente saber o que é melhor sem consultar seu filho de três anos ou seu terapeuta.
Verifique qualquer grupo de bate-papo para pais e você verá inúmeros exemplos de crianças dirigindo o espetáculo e elas e seus pais em situação completamente miserável. Em vez de reinstituir a autoridade e orientação dos pais, os pais dependem de medicamentos para drogar seus filhos em um comportamento passivo. Este é um "ganho" de curto prazo, mas uma perda a longo prazo. Os cristãos especialmente devem ser muito cautelosos ao introduzir medicamentos para tratar comportamentos preocupantes. Sabemos que nossos filhos nascem em pecado e que a tolice está ligada ao coração de uma criança. Deus deu aos pais cristãos a responsabilidade e a autoridade para treinar e disciplinar seus filhos. Pela graça de Deus, esse treinamento e disciplina produzirão bons frutos.
Em sua conclusão "final session", Shrier encoraja os pais a permitir que seus filhos amadureçam saindo do caminho de seu desenvolvimento natural:
"Eles prosperam com independência, um certo nível de responsabilidade e autonomia e, sim, falhas. Eles nunca aprendem a fazer por si mesmos se fizermos tudo por eles... Em algum momento, esquecemos tudo isso. Abdicamos da autoridade e perdemos toda a perspectiva. Qualquer evidência de um 'sintoma' de saúde mental tornou-se um comando para imediatamente entregar a criança a um especialista" (216, 217).
As crianças precisam de estrutura, especialmente quando são pequenas, e muitas vezes ficam sobrecarregadas com muitas escolhas. Tudo bem que os pais ditem quando é o horário do lanche, o que a criança vai comer no jantar e (choque) até mesmo o que a criança vai vestir em qualquer dia. À medida que a criança amadurece nesse tipo de ambiente, com limites claros e orientação amorosa, ela crescerá em resiliência e na capacidade de tomar boas decisões pessoais.
Em tempos passados, os pais confiavam no bom senso e na tradição familiar para guiá-los na criação de seus filhos. Pais cristãos também usaram a sabedoria bíblica para apoiar o bom senso e a tradição. A psicologia moderna desmantelou com sucesso tudo isso e preencheu o vazio com psicobaboseira e soluções terapêuticas prejudiciais. Infelizmente, os pais cristãos também "estão imersos em conceitos terapêuticos há tanto tempo [que] já não notam a presença da água" (19). Pais cristãos recorrem prontamente à terapia para resolver problemas comportamentais (pecado), abdicando da autoridade para o terapeuta. Autores cristãos populares sobre criação de filhos criam um falso dilema entre lei e evangelho ao ensinar que altas expectativas levarão nossos filhos à rebelião, legalismo ou apostasia. Este é o triunfo do terapêutico, ensinando que o que Deus exige de seus filhos, na verdade, prejudicará suas vidas frágeis e cheias de ansiedade.
Pelo contrário, os pais cristãos podem se basear na palavra de Deus e acreditar em suas promessas. Joel Beeke, em seu Parenting by God's Promises [Criando os filhos pelas promessas de Deus], encoraja os pais a terem confiança nos caminhos de Deus ao pastorear nossos filhos na admoestação e instrução do Senhor. Sua esposa, Mary Beeke, escreveu Teach Them to Work [Ensine-os a trabalhar], um livro que destaca a importância de treinar crianças para terem uma ética de trabalho positiva, o que se encaixaria bem com as conclusões de Shrier em Bad Therapy sobre a estrutura e altas expectativas serem benéficas para as crianças. Os pais cristãos também têm um grande recurso no livro de Provérbios, que começa com este conselho paternal atemporal: "Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe. Porque serão diadema de graça para a tua cabeça e colares, para o teu pescoço." (Provérbios 1:8-9, ARA). Orientação forte e cristã na criação de filhos é cada vez mais uma habilidade perdida, mas há esperança para os pais cristãos. Devemos rejeitar as soluções terapêuticas do mundo que não levam em conta nossa natureza pecaminosa e reduzem o comportamento pecaminoso a problemas médicos amorais (ansiedade, sensibilidades, TDAH, etc.).
Bad Therapy deve sacudir os pais para fora da ideologia mundana de criação de filhos baseada em terapia. Então, é claro, os cristãos terão que substituir a sabedoria mundana que Shrier refuta por um ensino bíblico sólido. Deus é gracioso e, quando caminhamos pela fé e criamos nossos filhos de acordo com o design de Deus, podemos ter confiança de que criaremos crianças piedosas capazes de enfrentar os desafios da vida.
© Martha Dunson, 2024
Publicado com permissão. Texto original encontrado em: https://americanreformer.org/2024/03/raising-neurotic-wrecks/




Comentários