A Influência dos Hábitos nas Atividades Diárias
- Greg Gifford
- há 2 dias
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Por Dr. Greg Gifford
Você já parou para pensar em tudo o que nossos hábitos fazem por nós todos os dias? Estamos basicamente à mercê dos nossos hábitos diários. Considere as seguintes atividades por um momento: 1) caminhar, 2) dirigir, e 3) ler. Talvez já faça algum tempo, mas a maioria de nós aprendeu a caminhar desde muito cedo. Ainda tenho filhos pequenos em casa e não faz muito tempo que os ajudei a aprender a andar. Começa com o primeiro passo por conta própria e depois o processo avança da mesa de centro para o sofá com alguma ajuda. Por f im, a prática regular produz a agilidade total: nossos filhos se tornam livres e temos que segui-los por toda parte. No processo, meus filhos aprendem hábitos — hábitos que nós, adultos, dominamos de certa forma.
E como aprendemos a realizar feitos tão complexos? Mediante a prática repetida e frequente de colocar um pé na frente do outro durante muito tempo.
Para ser honesto, hoje em dia não pensamos muito sobre o nível de coordenação muscular necessário para caminhar — apenas caminhamos.
Considere outro exemplo: dirigir. É interessante porque dirigir também é um hábito aprendido ao longo de anos de prática. Do mesmo modo que caminhar, nenhum de nós nasceu com a habilidade de dirigir (até mesmo vocês, fãs de corridas!), mas todos nós aprendemos a dirigir. Nesse ponto, porém, dirigir está tão arraigado em nós que é possível sermos colocados em um carro alugado, que nunca dirigimos antes, e seremos capazes de ajustar o assento, colocar a transmissão em movimento e acelerar com muito pouco pensamento ou esforço. Além disso, podemos mudar de faixa com a seta correspondente, sabendo por instinto que para cima sinaliza à direita e para baixo sinaliza à esquerda — sem mencionar que muitos de nós também podemos fazer tudo isso em um veículo com câmbio manual.
Podemos fazer isso por causa do poder do hábito.
Imagine se toda vez que dirigíssemos o carro, tivéssemos de parar e pensar: Pise no freio. Agora mude de marcha. Solte o freio. Agora acelere o veículo. Gire o volante na direção que deseja seguir, e assim por diante? Caramba! Se você acha que alguns de nós dirigem devagar agora, imagine se os nossos hábitos fossem eliminados!
Um último exemplo do caráter indispensável do hábito é a habilidade de ler. Assim como caminhar e dirigir, ler é um hábito que você desenvolve. Talvez isso não tenha passado por sua cabeça, mas neste momento você está praticando uma habilidade incrível alcançada por meio do hábito. A maioria de vocês associou significado às palavras e as memorizou para não precisar pronunciar cada palavra foneticamente. Pro-nun-ci-an-do fo-ne-ti-ca-men-te ca-da pa-la-vra. Entendeu? Você vê a palavra e a associa a um significado guardado antes na memória. Assim, o seu “nível de leitura” normalmente não representa a sua capacidade de pronunciar foneticamente as palavras. Não, na verdade, trata-se da rapidez com que você consegue ver a palavra, associar um significado a ela e compreendê-la à luz do parágrafo geral. E tudo isso provém do hábito. A maioria de nós já viu a palavra “o” tantas vezes que nem usamos a fonética; nós apenas sabemos que é “o”.
Os hábitos são uma parte tão difundida da nossa vida que estaríamos perdidos sem eles.
Alguns estimam que nossos hábitos representam pelo menos 71% de tudo o que fazemos todos os dias — isso é incrível! Portanto, se não tivéssemos o poder do hábito, teríamos que pensar de maneira intencional e deliberada em cada etapa de processos que envolvem caminhar, dirigir e ler. É realmente fenomenal e assustador ao mesmo tempo!
Os hábitos são diversos mas não determinantes
Contudo, a compreensão cristã dos hábitos consiste em nosso controle sobre eles — eles não nos controlam. Nossos hábitos podem tornar mais fácil fazer o bem ou o mal, mas sempre temos escolha, pois nossos hábitos nunca determinam quem seremos. A Bíblia ensina que temos controle sobre nossas ações, e isso inclui o controle sobre nossos hábitos.
Em nenhum momento perdemos a capacidade de romper com hábitos inúteis ou até pecaminosos, porque temos os recursos dados por Deus para essa mudança.
A Bíblia afirma que os cristãos nunca se encontram em um estado em que devam pecar (1Co 10.13; Rm 6.19) — de forma habitual ou não.
Deus libertou Seus filhos do poder do pecado e da escravidão do pecado por meio de Jesus. Amém!
E não somos escravos de hábitos inúteis não necessariamente pecaminosos. Por meio da consciência, do conhecimento do hábito, de passos específicos para crescer e da ajuda de Deus, todo cristão pode formar hábitos mais úteis e que honram a Deus.
Sempre podemos mudar, o que é uma notícia incrivelmente esperançosa!
Portanto, quando dizemos que nossos hábitos são comuns, é só isso que queremos dizer. E quando dizemos que não somos controlados pelos nossos hábitos, também é esse o significado. A Bíblia nos conclama a não sermos controlados por nada em nossa vida além do Espírito Santo (Ef 5.18). Só Ele pode se sentar no banco do motorista. No entanto, há um sentido em que podemos reconhecer essas verdades e ainda assim descobrir que os nossos hábitos podem estar “no piloto automático”, no sentido de que nem sequer fazemos uma pausa para pensar neles. Outros hábitos desconhecidos são como mastigar alimentos com a boca bem aberta: você pode ter a opção de fechar a boca, mas, para começar, precisa identificar que ela está aberta! Muitas vezes, apenas não paramos o tempo suficiente para considerar os hábitos desconhecidos que estão no piloto automático — mas eles ainda não nos controlam.
Hábitos Desconhecidos
A Bíblia nos ensina que nenhum de nós é escravo dos nossos hábitos, mas será que estou dizendo que alguns de nós temos hábitos que desconhecemos? Bem, sim, é exatamente isso que estou dizendo. Embora seja importante manter a responsabilidade humana, também é importante dizer que certas pessoas desenvolveram hábitos sem saber (como verificar as redes sociais em vez de terminar um e-mail, sem sequer notar isso). Vejo isso no contexto do aconselhamento, quando os casais têm hábitos de comunicação que prejudicam o relacionamento. Ou, quando os hábitos de gerenciamento do tempo secam lentamente os relacionamentos porque dedicamos cada minuto do dia ao trabalho. Às vezes, meus aconselhados se perguntam: “Como isso aconteceu?”. E posso afirmar, sem dúvidas, que eles desenvolveram alguns hábitos sem saber.
Muitas vezes, precisamos de mais conhecimento para expor os hábitos desconhecidos que desenvolvemos. (...) Talvez tenhamos crescido com autoconsciência involuntária, como na ocasião em que vemos uma foto nossa e pensamos: “É... Eu realmente preciso perder peso!”. Outras vezes, o conhecimento de um hábito desconhecido pode surgir através de um problema. O dentista nos diz que precisamos usar mais fio dental, ou o médico nos diz que precisamos melhorar o nível do colesterol.
Caímos nesses hábitos e não percebemos até que surja um problema.
Quando confrontados com esse problema e suas causas, pensamos: Ah, sim, eu faço isso, né?
Costumo ajudar as pessoas a descobrir esses hábitos desconhecidos em meu trabalho como conselheiro. Isso ilustra como, muitas vezes, um terceiro elemento pode ser inserido em nossa vida para nos ajudar a ter uma perspectiva sobre os pontos cegos — “Como não estamos pensando de acordo com a Palavra de Deus?”, “O que estamos fazendo e não temos consciência a respeito?”, “Existe algo que é simplesmente inútil em nossa vida?”.
Hábitos desconhecidos são provavelmente os tipos de hábitos mais letais porque não temos consciência deles.
E, mais uma vez, não pense que estou necessariamente falando de coisas que estão a passos diretos e intencionais longe da vontade de Deus. Não, ao contrário, pode ser que uma família tenha adquirido o hábito de assistir TV enquanto jantava junto. Em vez de desligar a TV e comer à mesa, passam 45 minutos em frente à TV. Esse hábito desconhecido pode causar danos sérios e de longo prazo à família. E a parte assustadora é que essas pessoas nem tinham consciência de que faziam isso. Pior ainda são os hábitos desconhecidos claramente contrários à vontade de Deus para nossa vida.
É difícil compreender que não apenas fazemos coisas que Deus não gosta, mas que podemos fazê-las habitualmente sem consciência.
É o coração imaterial do homem que explica por que fazemos o que fazemos: tanto por boas razões (Mt 22.37) quanto por razões não tão boas (Mc 7.21-23). Enfatizar o coração dá equilíbrio a um livro distintamente cristão sobre hábitos, porque não trata apenas de hábitos exteriores — ele versa, em primeiro lugar, sobre nossas motivações para o desenvolvimento dos hábitos. Esse é o coração. Ele nos impede de sermos behavioristas.
Da mesma forma que um rio, os hábitos têm uma fonte, e essa fonte é o seu coração.
E, assim como as correntes de um rio, os hábitos o impulsionam, facilitam o movimento e o inclinam para determinados fins, mas seu coração é a fonte do que você faz — incluindo seus hábitos.
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(O texto acima foi extraído do livro "O Coração dos Hábitos" do Dr. Greg Gifford. Você pode comprar o livro aqui.
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